sábado, 26 de abril de 2008

POESIAS / LETRAS DE MÚSICAS (ROSE SERRA)

O Que Sinto por Você
É vento de litoral
É mar de maré cheia
É sol de verão
Lua cheia de mistérios
É fogo de fogueira de São João
É lava de vulcão (Refrão)

O que sinto por você
É vento de litoral
Barulhento e ligeiro
Cantando teu nome
O tempo inteiro

O que sinto por você
É mar de maré cheia
Cobrindo a areia
Esfriando meu corpo
Tão quente de desejo
Carente do teu beijo

O que sinto por você
É sol de verão
Ardente e braseiro
Envolvendo meu corpo por inteiro
Chamando por você
Querendo só você

O que sinto por você
Lua cheia de mistérios
Iluminando o teu amor
Nos caminhos brejeiros
Por dentro de mim

O que sinto por você
É fogo de fogueira de São João
Labareda incandescente
Queimando o meu corpo tão ardente
Ardente de desejo
Ardente por teu beijo

O que sinto por você
É lava de vulcão
Fervilhando, ardendo em brasa
Explodindo cá dentro do meu peito
Queimando por você
Todinha por você


Alegria Triste

A vida é dor
É ilusão, é fantasia
O coração se defende
Na emoção
Com riso, sedução
Sexo e paixão

O riso
Companheiro do humor
Debocha das dores da vida
É a compressa
no meu coração ferido

A sedução costumeira
Se vinga da solidão vazia
Que ronda
meus dias sombrios

O sexo fácil é fachada
Da saudade
De ti, de nós
É o avesso
Da sua presença
marcada em mim

A paixão é voraz
Queima meu corpo e minha alma
É o alimento que mistura
Prazer e dor

Mas quando me olho
O que vejo
São olhos tristes
Disfarçados de alegria
De bar e de cerveja


Meu Amor Derradeiro

Meu amor derradeiro
É você
Espalha-se pelo corpo
Como água corrente
Em todos os poros
Lavando minha alma

Esse amor derradeiro
Não tem tempo
Porque é o tempo inteiro
Não tem pressa
Porque é preguiçoso
Não tem medo
Porque tem ancoradouro

Assim é esse amor
Que sinto por você
Amor de hoje e de sempre

Abençoado amor
Esse amor derradeiro

sábado, 19 de abril de 2008

VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇA – A PIOR DAS VILANIAS

Esperei a confirmação do que as aparências indicavam para manifestar minhas emoções. Por uma questão de convicção, não gosto de acusar ninguém sem que haja evidências de sua culpabilidade.
A reação nacional à morte da pequena Isabella é uma lavagem da nossa alma.Trata-se de uma morte cujos presumíveis assassinos são o pai e a madrasta de uma criança indefesa e praticada de maneira cruel e em articulada e criminosa parceria. O que ela sofreu naquela noite foi uma caminhada para a morte, com sessões contínuas de tortura. Esta morte nos horroriza e expõe a nossa humanidade, já tão desumanizada nestes tempos de insensibilidade generalizada. Não faço distinção entre quem é o maior responsável pela morte de Isabella, pra mim os dois são culpados, sendo o pai, por ser o pai, de fato, o maior culpado. Seja porque sua preocupação principal foi tentar ocultar a responsabilidade da mulher ao jogar pela janela a menina, quando imaginou que ela já havia morrido ao invés de gritar por socorro pra sua filha agonizante. Seja porque resiste a contar a verdade pra assumir a culpa por esse crime hediondo. E, sobretudo, pelo já comprovado pericialmente: que foi a queda que provocou a morte dessa pequena inocente.
Nesses vinte dias, sofri muito e sofro ainda, chorei e ainda choro, tive pesadelos, noites dormindo pouco, pensando na condição humana de bestialidade a que chegou o chamado ser humano. Não encontro respostas satisfatórias, mais uma vez, frente a este fato, para a pergunta que já me fiz muitas vezes na minha vida: o que de mais cruel habita potencialmente as mentes e corações de adultos que os levam a cometer atos tão violentos contra as crianças? E, em especial, meu Deus, o que pode explicar que pessoas que supostamente amam suas crianças as maltrate costumeiramente, levando-as até a morte? Como a família, que deve ser o lugar da proteção e da segurança infantil, pode se transformar no território da ameaça, da crueldade e até da morte. Por quê? Por quê?
Tenho buscado, dentro de mim, alguma explicação, à medida que vou sendo testemunha, nesses tempos macabros que vivemos, da violência contra as crianças, pelo nosso planeta afora. Uma das explicações que penso ter peso significativo, tem a ver com essa invencionice estúpida que os pais e/ou responsáveis podem agredir fisicamente os filhos, em nome de uma suposta educação. Onde surgiu isso, esse considerado direito? Em nome de qual teoria foi ele legitimado? Pergunto: qual o limite do tipo e dosagem que a utilização dessa ação covarde pode ser consentida, tolerada? Enfim, qual o real sentido do uso desse expediente agressivo senão fomentar na convivência com as crianças a cultura do medo, da opressão, em razão dos laços de pátrio poder, de responsabilidadesl pelas mesmas. Continuo especulando: o que é permitido nessa ação paterna/ materna? Somente puxar as orelhas, dar um tapinha nos ouvidos, uma sacudidela, um empurrãozinho? Ou também uma surra com cinturão do pai, com uma corda da mãe, um chinelo de ambos, uns tapas mais contundentes nas caras infantis, uma violenta puxada de cabelo, uns chutes no seu corpo?
Ora, meus caros, vamos convir, que bater ou não em alguém, é ou não é lícito. A classificação desse ato em graduação ou pós-graduação em violência, é conversa pra boi dormir. Sou e sempre fui radicalmente contra essa história de que criança deve apanhar pra ser melhor educada. Penso ser este o maior atestado da incompetência do ato de educar; é, também, a expressão da morada nos recônditos violentos dos pais que assim agem, da sua porção violenta, da resposta, através dos filhos e/ou parentes, às suas necessidades agressivas, descontando nos mesmos suas frustrações, sua vontade enviesada de bater em outros adultos, enfim, do extravasamento dos seus desejos de agressão. Afinal, esse alvo infantil não lhes causa nenhuma ameaça nem a possibilidade de alguma reação. Porque, sobretudo, contam com o silêncio da vítima que, por temor e por conta das recomendações ameaçadoras do agressor, não denuncia a ninguém sua condição de vítima na sua própria família.
E tem mais: a violência dos pais com os filhos se reproduz indefinidamente, pois, os filhos agredidos serão pais violentos e, assim por diante. É o palco mais eficiente de escola de violência.
Por tudo isso, essa é a maior das vilanias. Aquela de mais difícil enfrentamento. Por vezes, escondida e silenciosa. Nos quartos e salas de todas as classes sociais. De todo tipo de gente. Das também pessoas gentis e educados fora de seus lares. Dos que praticam credos religiosos de todo tipo. Dos que são adeptos de teorias revolucionários a favor dos explorados e oprimidos. Enfim, desse chamado ser humano que tem em casa um laboratório disponível, cujo pré-requisito é tão somente ter, adotar filhos ou cuidar de crianças por esse mundo sem Deus.
Denunciemos nossos vizinhos, desconhecidos e até nossos conhecidos, se por ventura identificarmos que uma criança, sob sua guarda, corre perigo. É o mínimo que podemos fazer para o enfrentamento dessa covarde vilania. E, em defesa efetiva dessas crianças.
De minha parte, estou envergonhada da minha espécie. E choro por todos nós, os seres ditos humanos.

sábado, 12 de abril de 2008

DE FILHA DE MARIA A FILHA DE IANSÃ

Não tenho religião, mas aprecio a religiosidade e sou, digamos assim, espiritualista. Uma marxista espiritualista. Deu pra entender? Esta questão está sempre presente em minha vida como algo que me interessa enquanto um componente de estudo da Antropologia, e também como significado da religião na vida das pessoas ou expressão das emoções humanas.
De todas as religiões que pude conhecer ou ter contato com seus adeptos ao longo de minha vida, as de origem africana foram as que mais me sensibilizaram, penso que por conta de suas expressões e de seus rituais muito ligados à natureza, aspecto que me fascina em muitos territórios da vida.
No entanto, nem sempre pensei e senti dessa maneira. Séculos atrás, quando fazia o antigo ginásio em regime de internato, em colégio das freiras Dorotéias, irmandade muito chique da minha terra natal, o mesmo colégio onde estudou minha amiga Josefa Baptista Lopes, cheguei a ser filha de Maria, simbolizado numa fita azul em volta do pescoço, sinal de que eu prometia no futuro ascender nesse terreno religioso. Ao mesmo tempo, já apresentava os primeiros sinais de minha rebeldia, traço genético de minha personalidade. Implicava com alguns dogmas dessa religião. Por exemplo, a história de Cristo não ter nascido do ventre da Santa Virgem Maria e, sim, via Divino Espírito Santo, que vinha a ser uma pomba, assunto já abordado em crônica aqui, postada tempos atrás. Achava essa versão, no mínimo, um conto infantil. Também já me rebelava com a condição de castidade imposta aos padres, que não podiam se casar, soando aos meus adolescentes ouvidos como uma espécie de repressão sexual.
Tempos depois, já adulta, compreendi que aqueles sinais já anunciavam o meu futuro de transgressora bio-psico-social...e sexual ..rs.
Quando tive meu primeiro contato com a religião afro, eu achei um barato, aquele ritual alegre, as danças dos orixás, lindas e sensuais, aquele sentido de ajuda sem imposições, enfim, tudo isso me seduziu. Mas já lhes disse aqui nos meus escritos anteriormente que, à medida que vou vivendo, mais estou convicta que tudo é uma mistura geral, uma “metamorforse ambulante” , portanto, uma geléia ampla, geral e irrestrita. Quem não muda nada, já morreu, por dentro.
Mas, apesar dessa atração pela religião afro, não me filiei à mesma porque sou, de certa forma, meio como quê, infiliável, não gosto muito de ter que fazer isto ou aquilo, gosto da liberdade de aderir a, quando bem me der na telha. Daí, por vezes, vou a lugares onde a proposta é de sincretismo, uma mistura de catolicismo com espiritismo e com afro e com mais alguma coisa. Foi numa dessas minhas experiências que a Mãe de Santo de uma Casa dessa natureza aqui no Rio, deu a mim o sinal que eu sou Filha de Iansã, coisa aliás que eu já descobrira em outros paragens, já tinha lido sobre Iansã, a rainha dos ventos e tempestades, e me identificava com essa senhora orixá. Contudo, reitero, a minha ligação é pra ser do meu jeito, sem pré-requisitos e sem obrigações. Quando a Mãe de Santo referida completou, me dizendo: “você está pronta pra ser uma das nossas”, eu literalmente fugi, morrendo de medo das implicações dessa sinalização.
Penso que não sou chegada a ser uma religiosa formalmente, já pensaram eu atuando como integrante de um terreiro de umbanda, que prefiro à candomblé, aliás, não sei bem porquê, dançando, dando passe, tudo que implica essa religião, não me parece que levo muito jeito. Ou sim? O que vocês acham?