sábado, 30 de agosto de 2008

O AMOR É UM ESTADO DE RISCO


3ª Fase

QUANDO O AMOR ENFRAQUECE

Como tudo que é muito bom, aos poucos vai ficando bom, depois mais ou menos e pode ficar ruim.
Aquele amor da 2ª fase começa a dar sinais de que já não é mais o mesmo. Pequenos sinais que se fazem presentes aos poucos, espaçadamente de início, depois mais freqüentes, anunciando que nem tudo é mais azul e o vermelho não é mais tão presente. A chamada crise vai se instalando, lenta e inexoravelmente, como pequeninas doses de um antídoto à felicidade, fruto de muitas determinações como diriam os marxistas.
É o papo da cama que diminui, são as risadas da madrugada que ficaram escassas, a cama que de quente vira morna (embora pode continuar quente e, por isso, confunde), começa a se instalar o silêncio, esse grande inimigo, se impondo a crise, como senhora da despedida.
O que geralmente ocorre é que esses pequenos sinais, de inicio, não são percebidos, às vezes, não queremos identificá-los, seja por medo, seja por vaidade ou até por distração.
A verdade mesmo é que não há crise que não se anuncie.
É aqui que o perigo habita porque, de fato, é a hora de se fazer alguma coisa que possa ainda reverter a situação. Quase sempre, espera-se o pior pra fazer alguma coisa. Não podemos ignorar os sinais da vida, em relação a tudo, principalmente ao amor. “É preciso estar atento e forte”... como já disse o poeta. Mas a nossa cultura não é preventiva, só se põe a tranca na porta depois que ela foi arrombada. Fazer o quê?
Por que o amor enfraquece? São muitas razões. Penso que a principal é a monotonia do dia a dia, esquecemos de regá-lo com novidades, com pequenos cuidados, com surpresas ocasionais, tipo umas flores, uma viagem, um motel, um jantar à luz de velas, passar uma semana sem reclamar de nada, não falar dos defeitos do ser amado, destacar suas qualidades, se interessar por detalhes de seu trabalho, enfim, coisas assim.
No entanto, meus caros, se essa situação já estiver instalada, nunca é tarde. Lutemos para que esse amor não vá embora.

4ª Fase

QUANDO O AMOR SE DIVIDE

Bem, se você não fez nada pra enfrentar a frieza da sua relação ou se fez e não adiantou ou, ainda, se fez tudo errado, aí, Salve Rainha, fez-se tarde pra evitar o que mais temem os casais, que é a chegada de outra pessoa. O coração do seu amor está sendo visitado por outro alguém, por vezes, ávido por um amor como o seu. Daí começa a famosa divisão, como querem alguns, ou a infidelidade ou a traição, como pensam outros. Já lhes falei há muito tempo atrás sobre isso, não penso dessa maneira. Nada acontece por acaso.
A partir dessa desconfiança ou da certeza de que há um ser a mais nessa habitação amorosa, tem início a batalha. Mas há luta e luta.
Se você optar pela luta mais inteligente, então vejamos algumas opções. Reze muito, mesmo se não acreditar em nada; tente conversar, mas jamais propondo aquela máxima dos anos 1980: “vamos avaliar nossa relação”, que é uma coisa muito chata; fique em silêncio, faça meditação, o melhor é virar budista que é a calmaria total; desapareça por uns dias pra que sintam saudades um do outro; proponha uma viagem, mas não force a barra porque pode ser pior; faça terapia, convencional e alternativa. Se tiver medo de agulha, aproveite pra perdê-lo fazendo acupuntura, que é um santo remédio; se for loura, vire discretamente morena ou se for morena, clareie um pouco os cabelos, mas nada vulgar; se for barrigudo, corra todo dia; se for careca, faça implante; se for mau-humorado, trate de ficar engraçado; se for arrogante, fique humilde; se não gostar de sair, trate de se animar; se não bebe nada, comece a beber, porque nunca se sabe, talvez precise tomar uns porres. Mas não deixe de lutar pra não se arrepender depois. No entanto, sugestão final: nunca diga a seu parceiro que está fazendo tudo isso pra salvar a relação, o casamento ou seja lá o que for, vai parecer chantagem e nem é politicamente correto.
Se tudo isso não funcionar, então, meu amigo, minha amiga, a situação é grave e prepare-se para o pior, tema da quarta fase.

sábado, 23 de agosto de 2008

O AMOR É UM ESTADO DE RISCO


Vou lhes falar das várias fases do AMOR, desde sua origem até sua retirada de cena.


1ª FASE

QUANDO SE INSTALA A PAIXÃO

É a porta de entrada do Amor, o estado mais enlouquecido. A gente se apaixona quando contrai esse vírus, que mora nos mares bravios, nos campos floridos e viaja nos braços afobados dos ventos e, vez por outra, visita o centro da terra, se instalando em seres desprevenidos.
Na paixão não há lógica nem censura.Tudo é azul e vermelho.Viramos seres azuis, cobertos de nuvens. Já notaram como os apaixonados sentem mais frio? Pudera! Enrolados em nuvens...
Também viramos seres vermelhos, corações sagrando alvoroçados, almas desnudas. Ah! Os corpos, esses coitados, trêmulos, em brasa, mãos geladas, pernas bambas, sempre embriagados. De fato, nos transformamos em mendigos, esfomeados de carne humana, os próprios canibais desesperados.
A gente só enxerga o ser amado, aquela pessoa que não tem defeito, que não tem porém. Se for bonito, vira lindo. Se for mais ou menos, o que importa é o mais. Se for feio, pra nós é bonito.
Dizem que a paixão não pode ficar mais do que dois, três anos, é o limite desse estado pra qualquer humano não enlouquecer de vez. Depois desse tempo, ou ela se esvai como fumaça ou se transforma no que chamamos de Amor.
Contra a paixão não há antídoto. Mas, cá pra nós, a paixão é fundamental, quantas vezes ela nos visite, é maravilhoso vivê-la tal como se apresenta. É viver ou viver.

2ª FASE

QUANDO O AMOR ACONTECE

O amor, ah! o amor é um presente dos deuses, é um estado de graça. É o oposto da sofreguidão anterior. Mas não quer dizer que nele não haja paixão. A diferença é que a paixão muda de status, de um estado enlouquecido vira um tempero apimentado. Nada se iguala à vivência de um amor companheiro, solidário, em que o principal não é olhar um pro outro, mas na mesma direção. Nos valores, no modo de habitar este planeta, nos sonhos fundamentais.
Existe coisa melhor do que o aconchego na hora de dormir? E as conversas gostosas, com “risadas nos papos da madrugada”. Olhem, meus amigos, o humor a dois é fundamental. Pra agüentar esta vida, não tem melhor remédio.
Existe bem maior do que a segurança de que não se está só, que se tem alguém com quem pode contar nas escaladas da vida? A cumplicidade, o café e a conversa na mesa da cozinha, o cinema nas tardes de domingo, o encontro com os amigos, as viagens juntos, os embates de opinião, até as brigas, e melhor ainda é quando fazemos as pazes.
Penso que no amor cabe tudo, mesmo as nossas demandas mais absurdas, e até uma certa pieguice, afinal ele é multifacetado, com a grandeza e os limites dos sentimentos duradouros.
Se você tem um amor assim, cuide, agradeça, reze sempre mesmo se não tiver nenhuma fé, porque você é uma pessoa privilegiada, abençoada pela vida vivida e pela vida que virá, porque está cada vez mais difícil encontrar essa jóia rara. Porque se perder tempo, a qualquer momento, o vírus da paixão pode ser contraído por um dos dois e aí o amor vai pro espaço.
E o resto é abstracionismo...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

ÁGUA CORRENTE

Para Maria Vitória


Meu coração está cheio de água
Com cheiro de chuva de minha infância
Água de rios e mares
Que trafeguei em viagens sonhadas
Água de poças estagnadas
De lágrimas contidas

No meu coração assustado
Há também córregos de águas límpidas
Correntes para o tempo infinito

Meu coração está cheio de medo
Do incerto previsível

Meu coração está cheio de emoções
Novas e perplexas
De estranha alegria
Com esperança do que virá.