sábado, 27 de setembro de 2008

POEMAS / LETRAS DE MÚSICAS

SE EU FOSSE

Se eu fosse um poeta
Eu lhe diria coisas bonitas
Várias vezes ao dia
Mas como não sou
Apenas lhe digo
Coisas banais

Se eu fosse um músico
Faria para você uma melodia
Com a mais bela harmonia
Mas como não sou
Apenas lhe canto
Uma canção qualquer de amor

Se eu fosse um escritor
Faria o mais belo romance
E você seria a personagem principal
Mas como não sou
Apenas lhe conto
Uma história de amor


LUGAR ALGUM

Não sei se vou
Nem pra onde
Tampouco como vou
Só sei que quero ir
Para lugar nenhum
Onde nem eu me alcance

Também não sei
Se quero mesmo ir

Minha cabeça
navega envolta
Em pensamentos contrários
Entre o que sou
O que fui
O que poderia ter sido
O que ainda posso ser
Em algum lugar de mim


ESSE AMOR

Esse amor me pegou de surpresa
Em tempos distantes
E deu rumo ao meu viver errante
Esse amor pleno
É Sol e Plutão
É riso e lágrima em confronto
É amor amigo
Intempestivo e aconchegante
É amor do passado e do presente
Que se fez pra sempre
Em amanhã contínuo


ONDAS LÁGRIMAS

Ondas gigantes me ameaçam
E me atraem
Torrente líquida
Sobre mim, sobre nós
Enquanto em pensamento
Sua majestade, sua presença
Me invadem, me cobrem a alma
Inundam meu ser
E absorvem as lágrimas
Derramadas dentro de mim
E sorvem a minha saudade
Em ebulição


sexta-feira, 12 de setembro de 2008

ZILMINHA DO JEGUE

Minha mãe, que Deus a tenha, era uma grande contadora de histórias, um dom especial que ela tinha. Nós, os seus filhos, ouvimos mil vezes suas histórias sobre a nossa infância, que pedíamos que ela contasse novamente aquelas que mais gostávamos, sempre que havia alguma reunião de família. Ela, como é de praxe entre pessoas dotadas desse dom, não se fazia de rogada, gostava mesmo era de se exibir e, cada vez que repetia cada história, ela acrescentava uns toques novos, o que nos deleitava mais ainda. Ao longo do tempo, seus ouvintes foram se ampliando entre os amigos de seus filhos. Uma das minhas histórias prediletas era a do cavalo, que ela montou numa longa viagem, amparada por aqueles empregados, uma espécie de acompanhantes de viagem no interior do Maranhão. Essa foi uma viagem de mudança e ela teve que levar consigo eu e meu irmão mais velho, de Grajaú, minha terra natal, para Barra do Corda, município vizinho, onde residiríamos, e lá já se encontrava meu pai, que era funcionário público federal na função que equivale hoje a fiscal de rendas, e por conta desse cargo, volta e meia mudava de cidade.
Ela contava que nessa montaria do cavalo tinha caído muitas vezes no percurso da viagem, chegando toda moída ao final dessa penosa travessia. Só que essa narrativa era recheada de acontecimentos divertidos que ela sabia nos presentear com muito humor.
Certa vez, uma amiga de Recife que veio ao Rio, foi comigo visitar a minha mãe, e como sempre, rolaram várias histórias, entre elas a do cavalo. Ao final, disse minha amiga:
- D. Zilma, acho que não era cavalo não esse animal de sua viagem, pra senhora cair tantas vezes, só podia ser um jegue, que por ser baixinho, suas quedas não lhe arrebentaram de vez.
Minha mãe, meio marota, disse :
-Ora, ora, eu passei a vida toda achando que era um cavalo, mas pensando bem acho que era mesmo um jegue. E caiu na gargalhada.
Daí pra frente, minha amiga, que é uma grande gozadora, pôs o apelido na mamãe de Zilminha do jegue.
Passados treze anos desse episódio, essa mesma amiga mandou, de Recife, um presente pra Maria Vitória, um bebê que agora estamos adotando. Ao abrir o pacote, deparei-me com um bichinho lindo de pelúcia, e exclamei:
- Nossa, que cachorro bonito, que raça será a dele?
Chamei minha secretária, que é uma cearense, e perguntei-lhe:
- Que cachorro é esse?
Ela, toda metida, certa de sua resposta, respondeu:
- Não sei não, mas que é um cachorro bonito isso ele é.
Duas horas depois, chegou minha irmã em minha casa e ao lhe mostrar o presente, ela exclamou:
- Não acredito! Como aquela danada foi conseguir justo um jegue pra mandar de presente? Só mesmo no nordeste, pra se achar um bichinho desses.
E eu fiquei com cara de tacho, como se diz por aquelas bandas, pois o mesmo tinha sela, crina e cabresto, jamais poderia ser um cachorro!!!.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O AMOR É UM ESTADO DE RISCO

5ª Fase

QUANDO O AMOR ENLOUQUECE

É quando a gente se descabela. Ao pé da letra. Como disse na fase anterior, há luta e luta. Se você resolver partir para a luta irracional, salvem-se todos porque vai ser uma loucura. Nesta luta barra pesada, o que vale é o vale tudo, é o desespero, é puro barraco. Já notaram que as pessoas ficam mesmo descabeladas? Os ameaçados pela invasão de outro ser no seu território, partem para a ignorância, como se diz vulgarmente. Cuidem-se os invasores porque estarão jurados de morte.
Se o casal morar na mesma casa, uma das reações é o quebra-quebra, é o estraga-estraga. São livros que são rasgados, cds que são riscados, cadeiras que são jogadas, enfim, objetos da casa que são quebrados, resultando num prejuízo doído no bolso e no coração. Se você tem pistas da outra pessoa, destrua tudo porque vai imperar a total invasão de privacidade, no seu computador, nos seus escritos, na sua agenda, seja lá onde possa ser achada uma prova qualquer.
Olhem, meus caros, essa fase é barra! É choro e ranger de dentes. Os vizinhos, coitados, pisam em ovos, também só ouvem gritos, choro, maldição. Não raro, a coisa descamba de vez, e a pancadaria rola adoidada, até com chamada de polícia e sei lá mais o quê. Penso sempre nas seqüelas dessas violências entre casais, que podem enterrar, de vez, a relação. Ou não, na lógica de Nelson Rodrigues.
De todas as manifestações dessa fase, pra mim a mais dolorosa é a apelação, que pode se revelar de várias formas. É quando pinta a perda total da auto-estima, quando a tônica é a chantagem, até com ameaça de suicídio com a famosa frase: ”se você me deixar, eu me mato”, com choros desesperados, com súplicas descabidas, com perturbações na sua casa tipo telefone tocando a noite toda. A intenção é tirar sua paz vinte e quatro horas de cada santo dia.
Por outro lado, naquele que está evolvido com outra pessoa, pinta o famoso sentimento de culpa, por um lado e, de outro, conta com a interferência de amigos que ficam com pena da pessoa “atingida” e, não raro, fazem aqueles apelos pra você deixar o terceirizado e tentar a reconciliação.
Qual o prognóstico? Na minha visão, se tiver rolado o vírus da paixão na extra- relação, é provável que não tenha solução e o jeito é deixar rolar pra ver no que vai dar; se após os dois ou três anos, virar fumaça, poderá haver um retorno, mas se a paixão se transformar em outro amor, aí esse atual foi pro espaço. Mas se for apenas um caso sem grandes implicações, poderá haver recomposição da relação, apesar de que, em algumas dessas experiências, o quesito confiança pode ter sido abalado pra sempre. Contudo, aquele que pulou a cerca também pode ficar muito mal, aliás, fica mal antes, durante e, às vezes, depois. Como vêem, ninguém ama impunemente. Mas, esse é o tema da última fase desse tratado amoroso.


6ª Fase

QUANDO O AMOR ACABA

Na fase anterior, esqueci de dizer, que só nos resta mesmo torcer pra que em caso de paixão já contraída pelo nosso parceiro, o vírus tenha baixa potência e que vire logo fumaça. Mas se for pra valer, só resta ao abandonado paciência e resignação. Em outras palavras, o que chamam de dignidade.
Na verdade, penso que quando alguém se envolve pra valer com outro alguém, é porque havia fumaça. Quando se criam distâncias muito grandes entre o casal, o território está aberto a outros envolvimentos, daí o melhor mesmo é o cuidado da relação, no dia a dia.
É verdade verdadeira que nada há de mais triste do que quando um grande amor acaba. É um vazio, uma sensação de fracasso, de desânimo, de sofrimento profundo. Mas como tudo passa, essa dor também vai passar. E um dia a gente vai olhar pra trás e sentir, pelo menos, que lutou, ainda que de forma enlouquecida, mas foi a nossa possibilidade naquela situação. O melhor é guardar as boas lembranças do amor vivido, afinal foi um privilégio essa possibilidade.
Ter um único grande amor é o sonho de todos nós, mas convenhamos, é muito raro. O que temos, ao longo da vida, são alguns grandes amores, e talvez, na maturidade, algum deles nos acompanhe até a passagem dessa vida para o Além.
Como mensagem final desse Tratado do Amor, cada um de nós, depois de viver cada amor, deverá estar disponível e ter esperança de encontrar outro amor, sempre e sempre, pois poderá contrair um novo vírus da paixão a qualquer momento e começar tudo de novo, atendendo aos apelos da vida.