sábado, 23 de agosto de 2008

O AMOR É UM ESTADO DE RISCO


Vou lhes falar das várias fases do AMOR, desde sua origem até sua retirada de cena.


1ª FASE

QUANDO SE INSTALA A PAIXÃO

É a porta de entrada do Amor, o estado mais enlouquecido. A gente se apaixona quando contrai esse vírus, que mora nos mares bravios, nos campos floridos e viaja nos braços afobados dos ventos e, vez por outra, visita o centro da terra, se instalando em seres desprevenidos.
Na paixão não há lógica nem censura.Tudo é azul e vermelho.Viramos seres azuis, cobertos de nuvens. Já notaram como os apaixonados sentem mais frio? Pudera! Enrolados em nuvens...
Também viramos seres vermelhos, corações sagrando alvoroçados, almas desnudas. Ah! Os corpos, esses coitados, trêmulos, em brasa, mãos geladas, pernas bambas, sempre embriagados. De fato, nos transformamos em mendigos, esfomeados de carne humana, os próprios canibais desesperados.
A gente só enxerga o ser amado, aquela pessoa que não tem defeito, que não tem porém. Se for bonito, vira lindo. Se for mais ou menos, o que importa é o mais. Se for feio, pra nós é bonito.
Dizem que a paixão não pode ficar mais do que dois, três anos, é o limite desse estado pra qualquer humano não enlouquecer de vez. Depois desse tempo, ou ela se esvai como fumaça ou se transforma no que chamamos de Amor.
Contra a paixão não há antídoto. Mas, cá pra nós, a paixão é fundamental, quantas vezes ela nos visite, é maravilhoso vivê-la tal como se apresenta. É viver ou viver.

2ª FASE

QUANDO O AMOR ACONTECE

O amor, ah! o amor é um presente dos deuses, é um estado de graça. É o oposto da sofreguidão anterior. Mas não quer dizer que nele não haja paixão. A diferença é que a paixão muda de status, de um estado enlouquecido vira um tempero apimentado. Nada se iguala à vivência de um amor companheiro, solidário, em que o principal não é olhar um pro outro, mas na mesma direção. Nos valores, no modo de habitar este planeta, nos sonhos fundamentais.
Existe coisa melhor do que o aconchego na hora de dormir? E as conversas gostosas, com “risadas nos papos da madrugada”. Olhem, meus amigos, o humor a dois é fundamental. Pra agüentar esta vida, não tem melhor remédio.
Existe bem maior do que a segurança de que não se está só, que se tem alguém com quem pode contar nas escaladas da vida? A cumplicidade, o café e a conversa na mesa da cozinha, o cinema nas tardes de domingo, o encontro com os amigos, as viagens juntos, os embates de opinião, até as brigas, e melhor ainda é quando fazemos as pazes.
Penso que no amor cabe tudo, mesmo as nossas demandas mais absurdas, e até uma certa pieguice, afinal ele é multifacetado, com a grandeza e os limites dos sentimentos duradouros.
Se você tem um amor assim, cuide, agradeça, reze sempre mesmo se não tiver nenhuma fé, porque você é uma pessoa privilegiada, abençoada pela vida vivida e pela vida que virá, porque está cada vez mais difícil encontrar essa jóia rara. Porque se perder tempo, a qualquer momento, o vírus da paixão pode ser contraído por um dos dois e aí o amor vai pro espaço.
E o resto é abstracionismo...

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Rose, que bonitos os teus textos! Bela surpresa. Crônicas e poemas que tocam a gente. Falam de sentimentos universais. Parabéns. Obrigada por nos ter dado tão bom presente.

Bjs, com carinho, Lucimeri

Marmota Cultural disse...

A paixão se instalando é música pura...
Vou tentar!
bj
Pat