sexta-feira, 31 de agosto de 2007

SEGUNDA VIDA


Aparentemente, Segunda Vida é uma nominação, sem maiores conseqüências para qualquer tipo de abordagem: aspiração, consideração, análise, adesão, rejeição, enfim, seja lá o que for.
Mas, quando se trata da chamada Second Life, os tais programas de computador que buscam reproduzir a vida real, sob o desejo de novas identidades que não a verdadeira, aí a coisa muda de figura.
Trata-se de um remédio para ludibriar a identidade rejeitada e a solidão aguçada. Ainda que sob um patrocínio mecânico.
Quando alguém se veste via programa eletrônico de uma outra vida que não a sua, a real, pra fugir dessa realidade e assumir uma identidade fictícia, muitas interpretações podem ser postas em ação.
Essa invenção tem muitas implicações e hoje alcança uma enorme expansão em vários tipos de público e instituições, inclusive empresas. Daí requer o desvelamento dos seus múltiplos significados e o conhecimento adequado dos seus mecanismos de funcionamento.
Sob meu juízo, esta criação tem uma leitura delicada e dramática
Delicada, porque trata-se de buscar via ferramenta disponível, on-line, um mecanismo para suportar a realidade indesejável, para colocar em cena uma vida desejável, uma identidade sonhada.
Dramática, porque a opção por uma máquina para atender nossos desejos e frustrações no lugar de relações humanas reais, concretas, verdadeiras, é algo que deprime as possibilidades do potencial humano de ser mais.
O que isto representa, não tenho a pretensão de explicar. Mas, podem-se fazer ilações a respeito. Talvez a incapacidade atual de relacionamento humano seja a principal explicação. Incapacidade frente à vida moderna que se deteriorou com o crescimento assustador das complexidades da vida, de tecnologias, de mil solicitações e escolhas a fazer a cada hora (o imperialismo do consumo).
Tudo isso junto saturou o homem moderno que não foi capaz de dar conta das mil possibilidades de vida a seu dispor. Daí o refúgio na máquina, na tela, no faz-de-conta, que traz aquele produto sob encomenda de seu desejo e necessidade imediata.O que resulta na felicidade virtual, fugaz, mas, aquela possível de se ter nessa vida real.

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá Rose,
você é mesmo muito criativa. O texto Second Life está muito interessante e sua crítica a essa possibilidade é consistente, embora pouco valorize o fascínio da imaginação e da fantasia que todos temos...
Parabéns mais uma vez

bjs
Carmelita

01/09/2007 19:46

Clarissa F. do Rêgo Barros disse...

Oi Rose!
Ter uma Second Life na rede é muito complicado, pois restringi o homem a prazeres ilusórios a partir de uma tela de computador e um mundo virtual. Mas,aqui fora, no entanto parece até interessante fingir ser outra pessoa as vezes, mudar de nome e usar peruca... hahahaha :))
O pior é que a crise da sociedade atual, possibilitou que o dinheiro também possa se materializar nesse espaço virtual desconhecido do Second Life, e aí é que a situação piorou mesmo!Adeus socialização em todos os espaços fora do computador nesta sociedade de consumo!E o Estado com a polêmica destes jogos está viabilizando uma maneira de cobrar impostos e atuar na rede! PIADA!
Será que a anarquia da internet deve permitir?
Adorei a crônica!
Visite o meu blog tb! Adoraria receber suas criticas e idéias!

www.cfrbpensandoalto.blogspot.com

Saudades!!
Beijos Clarissa!

Anônimo disse...

Rose,

Vi o blog e adorei.Gostei muito das crônicas e vou conectar-me com mais frequência.

Beijos
Katia Sousa

4/09/2007 (23:53:25)

Anônimo disse...

Rose,
O tema é bastante interessante e polêmico. Sua crítica está ótima.
Confesso que tenho muita curiosidade em saber “o que rola” na ilha da Second Life do Brasil. O que será que aqueles avatares pensam estar fazendo lá? Talvez essa segunda vida seja apenas divertimento “seguro” para alguns e possibilidade de negócios para outros. Vamos nos encontrar lá para descobrir? :)
Bjs

Lucia Mourão