sexta-feira, 14 de setembro de 2007

FICAR... FICANDO...


Entre as modernidades das relações amorosas, aquela que podemos considerar uso contínuo é a chamada Ficar. Leia-se: relação fugaz, geralmente executada em bares, boates, festas e festinhas e inferninhos.
Ficar precisa ser descrito e melhor desvendada, deixando claro que não tenho nada contra esta prática sexual. Como pressuposto básico, há que se considerar que existem os Ficantes profissionais e os Ficantes ocasionais, quer dizer, os que exercem essa atividade por opção e aqueles que a praticam por uma circunstância qualquer ou simplesmente para viver uma experiência nova. Esta tipologia faz toda diferença.
Examinemos alguns ingredientes dessa atividade Ficar. Primeiramente: a vivência dos Ficantes é adequada a cada geração, o que implica, a formação de três grupos.O primeiro, de adolescentes e jovens, que se estende até os trinta anos. Aqui, Ficar é realmente fugaz, às vezes, fugacíssimo. Um requisito é a disposição para essa empreitada. Porque, minha gente, é preciso vigor físico e rápida recuperação. Afinal, Ficar é sempre uma novidade e esta implica em curiosidade para vivenciar essa atividade, de maneira completa. E curiosidade supõe exploração da novidade, o que pode levar ao risco da não saciedade, condição que requer competência atlética para recuperação rápida de uma noitada que pode se estender por mais um tempo. E não se esqueçam que nesse evento, a conversa apenas rola como detalhe.
O segundo grupo, o turma do meio, é a partir dos trinta até os cinqüenta anos. Nesta, a experiência de vida amorosa já começa a bagunçar o Ficar dos jovens. São algumas pequenas adaptações, alguns ajustes para confortar essa faixa etária nessa atividade.Tais apelos vão montando a transição do Ficar para o Ficando. Transição essa cheia de transversalidades. De início, não significa que o caráter fugaz deixa de ser a luz-guia mas, há reflexos de desejos de uma esticada sexual, o que para os Ficantes é traição à exigência de fugacidade.Traduzindo: pinta aquela vontadezinha de viver um Caso. Resultado: Ficando é um meio caminho entre o Ficar e o Caso.
Entre parêntesis: refiro-me ao Caso Rápido, aquele que tem como função principal atender aos apelos do já andarilho corpinho que afinal, só quer ter mais um pouquinho dos prazeres do Ficar. Em contrapartida, há o Caso Fixo que , no fundo, é uma espécie de namoro não assumido.
No último grupo, o pós cinqüenta, Ficar não é tão simples assim. Porque há muitos vícios corpóreos e emocionais além das armadilhas do terreno amoroso. Portanto, nessa turma etária, Ficar é continuamente carregado de pequenos Ais e Ah! chantagistas:
- Ah! Foi tão bom! Por que não repetir mais vezes e sem data pra acabar?
Se no outro travesseiro estiver um Ficante juramentado, do primeiro grupo, essa chantagem tem pouca chance. Mas, se esse alguém for da turma do meio, a minha hipótese é que nestas situações, vários entes praticantes do Ficar podem até pular (ou pulam com alguma freqüência) a etapa da transição, caindo direto nos braços do Caso Fixo. Porque, afinal, o que todos nós queremos, sejam Ficantes, Ficados, desiludidos, desanimados, abandonados, enferrujados,desesperados,insaciáveis,esperançosos,mal-amados, deslumbrados e alguns da última faixa dos Ficantes (derrubados e desconjuntados após uma Ficada), enfim, todos nós do Planeta Terra, carentes permanentes,o que queremos mesmo, é o Amor, “eterno enquanto dure”.






9 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito.

Vou ler com mais calma, pois estou no trabalho agora, e depois faço um comentário.

beijo,
Denilson

Anônimo disse...

Rose Serra,
esta está maravilhosa!!!Parabéns!!! Continue assim que nós ficados e ficantes acradecemos,
Maria Olívia

Alessandra disse...

Oi, Rose!

Li aqui o blogorodó de hoje e me lembrei de um texto com a qual me deparei dia desses...Veja o q acha:

http://www.nao-til.com.br/nao-68/gerbase.htm

bjs, Xandoca

Anônimo disse...

Oi Rose!!! Primeiramente, saudades...
Posteriormente, preciso dizer q fiquei surpresa em ver vc escrevendo sobre o assunto com tanta desenvoltura!!!!Rsrsrsrs. Deve ser o costume de te ver envolta a assuntos acadêmicos!!!!Mas, de qq forma, seja sobre oq for...vc continua brilhante!
Bjos!!! Mantenha contato!

Anônimo disse...

Rose,

Adorei o detalhamento das atividades deste ato FICAR. Maravilhoso. Ainda não tinha visto nada que o descrevesse tão bem.

Beijos,

Lucia Mourão

Anônimo disse...

Rose
Que bom ter essas boas noticias suas.Sempre curti esse seu jeito de ser transgressora do comum.
Beijos,be happy.
Aldaiza


18/09/2007 23:09

Anônimo disse...

Rose,
Fiquei super feliz em saber de suas novas frentes de criação intelectual. Gosto tembém dessa idéia de aproximação com o mundo das artes. A academia está tão óbvia e monótona que mais parece uma repartição pública. Vou visitar você no seu Blog.
Beijos, Thereza.
19/09/2007 09:40

Anônimo disse...

Olá, Rose
Acho q o ficar existe desde q o mundo é mundo , só mudou a forma de nomear . O ficar se resume ao "não vale apena ir a diante , deu , basta , já entendi e pronto " . Já o estar tem envolvimento , futuro , etcs , etcs...
Os temas são ótimos ! Simplicidade é tudo !!
Bom te falar via blog .
bj
Mônica

Anônimo disse...

Coração, tô mais p/ o gerúndio, de preferência bem gerúndio.Claro,não um ficando que se arrasta exausto, mas sempre renovado, animado, colorido. E viva a criatividade. Bjs