sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

MORTE.... ESSA MISTERIOSA SENHORA DO TEMPO

Quando a gente sofre um golpe qualquer, há um período de hibernação necessária para nossa reabilitação frente à vida. Foi o que aconteceu comigo, precisei desse tempo. Deu um branco na minha mente e no meu coração. De repente, secou a fonte e não tinha nada pra dizer pra ninguém. Só pra mim mesma. Mergulhei num estado de inverno, com muito frio interno, sem cobertor. Depois, passei ao estado nublado, onde ainda estou.
Hoje, senti vontade de retornar às minhas idéias. De voltar pra vocês. Com muitas perguntas, aos deuses, aos seres do além, ao infinito, a mim mesma, a todo mundo, a ninguém.
Do que se trata todo esse meu torpor? Desse mistério que volta e meia atormenta quem passa por ele. Por que a morte chega por caminhos tortuosos, sem explicação? Por que alguém morre, no auge da felicidade? Por que tem uma morte trágica, sem razão de ser?
Morte, esse eterno mistério, às vezes, bate na gente com uma crueldade insuportável. Mais até, pela nossa impossibilidade de compreendê-la. Cada um de nós já desejou, penso eu, em algum momento morrer, mas quando a gente encara de frente essa senhora, dá um frio na espinha dorsal, na alma, e só resta à gente se recolher, na nossa total insignificância.
Willians Pereira, maestro carioca, jovem de 39 anos, super talentoso, no auge de sua criação como violonista, arranjador e diretor musical, que tinha medo de avião, resolve, sabe-se lá por qual motivo, voar de ultraleve numa praia de Pernambuco e voou pra eternidade.
Por quê? Pra quê?
O CD Frevos-Mulher que ele dirigia da compositora e cantora Maria Olívia, parceira de sons e sonhos, ficou mudo, envolto em dor e luto. Era domingo, dia 2 de dezembro.
A contragosto, eu me deparo com o real sentido da dialética da vida, na sua vestimenta mais cruel, espelhando a unidade alegria e dor, dupla essa conformada na energia indissociável de vida e morte.
Tenho pensando muito, com um vazio enorme na minha alma. Num passo em falso, macabro, aquele ultraleve levou para sempre esse artesão de sons e beleza.

E, nós, pobres mortais, ficamos aqui, a ver navios...

2 comentários:

Anônimo disse...

Rose, diante dessa situação há muita coisa, e ao mesmo tempo, nada a dizer.
Às vezes penso se, não somos nós: tolos mortais, que nos apegamos demais a essa vida e ao que achamos e planejamos pra ela e nos esquecemos (propositalmente)que a finitude é a única certeza q temos...
Mas, é q é mesmo muito duro pra
quem fica. Dói demais só de pensar que a possibilidade existe. Imaginar a interrupção definitiva de tudo q vivíamos com aquela pessoa ou ainda, que planejávamos e desejávamos com e para ela.
Mas, particularmente, acho q é perda de tempo tentar encontrar explicações para a chegada da referida senhora. POr mais irresistível que isso seja.
Recolho-me à minha insignificância e tento, mesmo contrariada, aceitar que nesse quesito nada sei e muito menos, tenho gerência.
"A única certeza da vida é a morte"...
QUANDO???? Sinceramente? Nem sei se a gente ia querer mesmo entender...

Fica com um beijo meu...
Cínthia Miranda

Anônimo disse...

Amiga Rose

de tantos anos
de tantas batalhas
de tantas risadas

no meu jeito
desajeitado
tentei
mas não consegui

comentar
no blogorodó
que agora
tirei
o atraso

lendo de
uma vez só

e relendo
aquelas tantas
que me deram
um certo nó

entre elas a da fidelidade
que dá muito prá pensar

a do amor
e da paixão
se unindo
num sentimento


minha amiga
a tal da morte
que leva
amig@s
querid@s

sem a gente
acreditar
no auge da criação
lá se vão...

minha amiga
querida
você
como
cronista

nos brinda
no pensamento
nos brinda
no sentimento

dá asas
à imaginação

faz um bem
pro coração

te amo muito
amiga Bia Abramides


03/01/2008 17:56